Arte, divina arte. O que fazem contigo nas escolas públicas? Quem são os profissionais que se encarregam de ensinar-te? Será que eles sabem o teu conceito? Estudaram a tua história? Sabem as estéticas que te constituem?
Será que são professores que pegaram aulas de arte sem terem nenhuma formação na área? Será que são pessoas que, nas suas vidas pessoais, nunca se importaram contigo? Pessoas que debocham dos grandes artistas, transformando seus nomes em apelidos? Pessoas que agem como idiotas diante das grandes obras das artes espaciais? Que nunca leram as grandes obras da literatura? Jamais ficaram uma hora diante de um grande filme? Nunca pisaram em um teatro?
Quem são elas? Só se pode saber, grande arte, que elas acreditam que essas coisas reproduzidas abaixo são arte. São trabalhos dados a alunos de oitavo ano. Ou seja, a ignorância é assustadora. Pintar o coelhinho ou escrever chavões sobre mãe, não seria isso tudo a blasfêmia que te ofende, grande arte? Não haveria um inferno para esses que te ofendem?
Parece não haver. Elas passam vinte, trinta anos como professores de arte. Chega o dia em que levam o alunos para pintar as paredes da escola, lixar carteiras, plantar grama, achando que finalmente descobriram uma finalidade útil para suas aulas. Não é revoltante, grande arte, ver professores e diretores fotografando alunos lixando carteiras, lavando os riscos das paredes, e postando essas atitudes antiprofissionais como sendo aulas de arte?
Por que esses professores aparecem nas redes sociais se fazendo de nervosos porque não conseguiram aulas neste ano? A gente as encontra reclamando nos núcleos de educação, por quê? Por que eles exigem do governo a criação de vagas para eles, que nem ao menos são concursados? Muitos mal fizeram a matrícula na faculdade, não é mesmo?
Como dizer a eles, grande arte, que para quem te pratica és tu que das sentido à vida? Como explicar que, para um filósofo como Hegel, tu és uma das três manifestações fundamentais do espírito, junto com a religião e a filosofia? Como dizer a essas pessoas que elas passam, mas tu permaneces? Como dizer a elas que um gênio da arte, como Proust, te considera a única coisa capaz de resistir ao tempo?
Não há jeito, não é mesmo? Esses professores nem ao menos conseguem aprovação em concurso nas disciplinas em que são formadas. Nem mesmo as que se formaram em toscos cursos de finais de semana para darem aulas sobre ti. Pintar coelhinhos e recortar revistas é fenômeno que mostra a disposição que os professores têm para proporcionar um ensino de qualidade, que seja formador.
Não é engraçado, grande arte, que esses profissionais se coloquem como capazes de formar o senso crítico do povo, de derrubar corruptos, quando eles gritam diante dos palácios? Isso tudo não é corrupção, grande arte?